MT GANHARÁ MAIS UM FRIGORÍFICO PARA ABATE DE CAPRINOS E OVINOS.

Criadores de caprinos e ovinos de Cuiabá e cidades próximas podem ser favorecidos com a inauguração de um frigorífico específico para abate desses animais na Capital matogrossense. Em todo Estado, existe atualmente apenas duas plantas frigoríficas habilitadas para realizar o processamento desses animais, sendo uma localizada em Alta Floresta e outra em Rondonópolis, conforme informações da Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos (Ovinomat).

Diretor tesoureiro da entidade, Antônio Carlos Carvalho, comenta que foi constituída uma cooperativa, integrando 27 criadores da Baixada Cuiabana, com o objetivo de inaugurar um frigorífico de abate de ovinos e caprinos em Cuiabá. Escolha foi motivada pela proximidade com os consumidores, já que a Capital agrega maior quantidade de supermercados e restaurantes.

Inauguração da planta frigorífica contribuirá para aumentar o consumo interno da carne produzida no próprio Estado, reduzindo a importação do produto de outras regiões do país e baixando o custo do alimento ao consumidor final. “Hoje, 80% da carne ofertada nos supermercados daqui é trazida de outros estados”. Rebanho estadual de ovinos e caprinos é constituído por uma média de 1 milhão de animais, espalhados em 3 mil propriedades.

Em Mato Grosso, a ovinocultura tem predominado nas pequenas propriedades, mas, segundo Carvalho, é uma alternativa viável para aquelas maiores, associando a atividade à pecuária e agricultura. Responsável pelo acompanhamento do rebanho mantido na Estância Celeiros, em Rondonópolis o médico veterinário Guilherme Machado comenta que o consumo da carne de cordeiro tem se mantido estável, registrando variação sazonal no final do ano. “Encaminhamos para abate cerca de 500 animais por mês”. Esse número é abatido no frigorífico Rondonópolis, sendo comercializado em seguida nos açougues e supermercados da região.

fonte: A Gazeta

Atualidade e perspectivas internacionais para a produção de carne ovina.

Tendo como referência os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a população mundial de ovinos, após uma acentuada retração de 14,9 pontos percentuais ao longo do período de 1990-2002, fechou 2010 com um efetivo estabilizado de 1,084 bilhões de cabeças, após um incremento de 7,8% entre 2002 e 2007.
Dos quinze maiores efetivos mundiais, onze (cerca de 73%) se encontram espalhados pelos continentes asiático e africano, sob situações diversas, desde queda, a exemplo da África do Sul e Turquia, a até elevado crescimento, como a Etiópia, passando por cenários de relativa estabilidade, como os da China e Irã.
Por outro lado, é clara a forte condição decrescente dos efetivos nos países da OECD, como Austrália, Turquia, Itália, Reino Unido, Alemanha, Nova Zelândia, Espanha, França e Irlanda. Tal condição faz com que, no contexto atual, apenas 21,5% do rebanho ovino mundial se encontre em território da OECD, aumentando a participação percentual dos países emergentes e em desenvolvimento.

O efetivo ovino chinês, que já atingiu 152,3 milhões de cabeças em 2004, retraiu significativamente em 2010 para cerca de 134,0 milhões, em função das limitações associadas à disponibilidade de terras e água, ao avanço da agricultura, ao processo continuo de degradação das áreas de pastagens e ao aumento dos custos de produção, o que deixa uma perspectiva negativa quanto à evolução do rebanho ovino na China.
Na zona do euro, uma combinação sucessiva e desenfreada de eventos sanitários e reforma política tem conduzido a população ovina a números cada vez menores e com projeções ainda mais retrativas. Essa trajetória decrescente tem se tornado evidente desde o início da década de 1990, com surtos de Encefalopatia Espongiforme Bovina durante as décadas de 1980 e 1990, Febre Aftosa ao longo das décadas de 1990 e 2000, Língua Azul a partir de 2004 e atualmente a difusão do vírus Schmallenberg. Enquanto tais eventos foram e são responsáveis pelo aumento dos abates sanitários, a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) em 2003 – desvinculando a necessidade de produção aos subsídios – estimulou o crescimento do abate comercial, resultando, por fim e de uma forma conjunta, na continua redução do rebanho ovino na UE-27.
Na Oceania, após anos de queda nos números do rebanho ovino, finalmente, a Austrália começa a dar os primeiros sinais de reconstrução do efetivo devido à melhora das condições climáticas associada às boas perspectivas de preços para os produtos ovinos (tanto carne quanto lã), o que tem estimulado a maior retenção de matrizes e capões, e um movimento mais forte de reposição, resultando no crescimento do rebanho em 2011 para 74,2 milhões de cabeças com a expectativa de 77,3 milhões para 2012. Porém, mesmo com condições climáticas e comerciais favoráveis, o avanço da agricultura e da indústria madeireira tende a impor limites sobre a ovinocultura australiana.
Por sua vez, na Nova Zelândia, as condições climáticas pouco favoráveis e a forte migração para a produção de leite, tem ocasionado, mais uma vez, a contração do rebanho que, em 2011, deve alcançar 31,1 milhões de cabeças – o menor efetivo desde a década de 1950, havendo ainda expectativas de retração a médio prazo.
Ao longo dos últimos vinte anos, a produção mundial de carne ovina sofreu um incremento de 21%, sendo que no período de 2000-2010 houve um crescimento de 11,2 pontos percentuais, com perspectivas para uma expansão de 32,5% até 2020.
Em consequência do maior rebanho a China é o maior produtor mundial, em função não apenas dos números do efetivo, mas, especialmente, da alta prolificidade de suas raças nativas, permitindo taxas de abate superiores a 98%. No entanto, o aumento futuro da produção é limitante, devido à baixa disponibilidade de recursos naturais.
Devido ao aumento na reposição em 2011, a produção australiana se contraiu para 513 mil toneladas, no entanto, as projeções são positivas e indicam um incremento de 5,6% para 2012, como resultado da maior disponibilidade de cordeiros, o que dependerá de boas condições climáticas.
A produção neozelandesa sofreu uma leve queda em 2011 para 463,6 mil toneladas devido às condições climáticas adversas aumentando a taxa de mortalidade neonatal, no entanto, em função do clima, o rebanho de cria pode sofrer um leve incremento, o que poderá aumentar a oferta de carne ovina no curto prazo.
Nos países emergentes e em desenvolvimento localizados na Ásia e África, a produção continuará a se expandir, em função do crescimento econômico dos continentes, da cultura Islâmica em grande parte dos países e pelo fato de que a pecuária ovina é uma das principais fornecedoras de carne em muitas destas regiões.
Dessa forma, torna-se cada vez mais evidente a perda de espaço das nações desenvolvidas ao longo dos anos, as quais foram responsáveis por 40,9%, 37% e 27% da produção mundial, em 1990, 2000 e 2010, respectivamente, e para 2020, as projeções apontam para uma participação ainda mais reduzida, de aproximadamente 21,9%.
Essa tendência tende a se fortalecer ainda mais na medida em que a ovinocultura de corte, nas economias emergentes e em desenvolvimento, consiga absorver um maior aporte tecnológico, tanto a nível de insumos, quanto de processos e de produto, resultando, por fim, em aumento da produtividade e na diluição da discrepância existente, em alguns países, entre o tamanho do efetivo e o volume da produção.
Autor:  Daniel de Araújo Souza