ABSI discute plano de trabalho para melhoramento genético da raça.

O presidente da Associação Brasileira de Santa Inês (ABSI), Almir Lins, e o diretor de eventos da entidade, Anderson Pedreira, estiveram nesta quarta-feira (24) na Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral, CE) para a discussão de um plano de trabalho voltado ao melhoramento genético da raça de ovinos. A reunião com pesquisadores e analistas da Unidade teve também a participação do gerente do Escritório de Negócios de Campinas (SP) da Embrapa Produtos e Mercado, Fernando Matsuura, via videoconferência.

O plano de trabalho foi apresentado por Raimundo Nonato Lobo, pesquisador da área de melhoramento genético animal da Embrapa Caprinos e Ovinos, e propõe a mobilização da ABSI para que os rebanhos de seus associados se integrem ao Programa de Melhoramento Genético de Caprinos e Ovinos de Corte (GENECOC), para que passem a contar com o serviço de assessoria genética prestado pela Embrapa, por meio do programa.

Lobo ressaltou que, com o cadastro dos associados e a coleta periódica de dados zootécnicos dos rebanhos, os produtores passariam a contar com informações para orientar decisões de forma a obter ganhos genéticos, como as melhores possibilidades de acasalamento de animais no rebanho. Além disso, a inserção no programa traria outros benefícios, como um maior controle dos rebanhos e a possibilidade de redução de custos, com descarte de animais que não respondem a melhorias no manejo, por exemplo.

Na proposta apresentada por Lobo, a Embrapa capacitaria técnicos da Associação para a coleta de dados nos padrões exigidos pelo GENECOC, prestaria a assessoria para seleção genética e forneceria dados para que a ABSI elabore catálogos anuais com informações sobre os rebanhos. Segundo o pesquisador, a parceria corresponde à expectativa de integrar rebanhos contribuir para o fornecimento de reprodutores e matrizes avaliados geneticamente para rebanhos comerciais, com ganhos para a sustentabilidade da raça e para a produtividade. “É inegável que o desenvolvimento da ovinocultura no Brasil tem que passar, fortemente, pelo desenvolvimento da raça Santa Inês”, avaliou ele.

De acordo com o presidente da ABSI, a proposta de se integrar a uma política de melhoramento genético pode iniciar uma mudança de mentalidade entre os produtores da raça. “Hoje se pensa muito nas exposições de animais. Mas devemos pensar de outra forma, com foco não somente nos eventos, mas no fato de que temos rebanhos de uma raça produtora de carne, com um potencial de exportação muito grande”, afirmou Almir. Para Anderson, há uma boa expectativa de interesse dos associados no programa. “Há em torno de 50 a 60 criadores interessados, inclusive produtores bem estruturados, com fácil acesso à informação”, destacou o diretor.

Uma nova reunião acontecerá no próximo mês para afinar detalhes da proposta, entre eles a busca por parcerias que viabilizem investimentos. Para Fernando Matsuura, a ideia é interessante, pois são as parcerias com os diferentes elos das cadeias produtivas que geram avanços e garantem alcance às tecnologias. Já o chefe-geral da Embrapa Caprinos e Ovinos, Evandro Holanda Júnior, comentou que a expectativa é de que futuramente haja condições de “competir no mercado internacional de genética ovina”. A proposta de inserção dos produtores de Santa Inês no GENECOC é um dos principais pontos do convênio firmado entre Embrapa e ABSI em dezembro do ano passado.

Texto: Adilson Nóbrega – MTB/CE 01269JP

Embrapa Caprinos e Ovinos

EMBRAPA E ABSI TRAÇA PLANO DE TRABALHO PARA PROGRAMA DE MELHORAMENTO GENÉTICO

A Embrapa Caprinos e Ovinos recebe nesta quarta-feira (24) a visita do presidente da Associação Brasileira de Santa Inês (ABSI), Almir Lins, e do diretor de eventos da instituição, Anderson Pedreira. Em pauta, a discussão de plano de trabalho para ações de melhoramento genético que beneficiem produtores da raça de ovinos.

TENDÊNCIA DE MERCADO PARA OVINOCULTURA SÃO DISCUTIDAS NA SECOB.

Nesta quarta-feira (5), segundo dia da VIII Semana da Caprinocultura e da Ovinocultura Brasileiras (SECOB), os participantes puderam discutir tendências de mercado para os produtos da caprinocultura e ovinocultura. O debate, realizado no Auditório Central da Embrapa Caprinos e Ovinos (Sobral-CE), foi iniciado pelo professor Paulo Niederle, do Departamento de Economia Rural e Extensão da Universidade Federal do Paraná (UFPR), com sua palestra sobre a construção social de mercados para a pecuária familiar no Brasil. Ele apontou mudanças em padrões de consumo que podem favorecer produtos antes só comercializados em mercados muito específicos, como os orgânicos, tradicionais e os de indicação geográfica.

De acordo com Niederle, as noções dos consumidores sobre a qualidade dos produtos tendem a acrescentar variáveis como a preocupação com saúde e sustentabilidade, a justiça social no processo produtivo, a tradição e origem dos produtos. “Os produtos orgânicos e agroecológicos tinham, no início, mercados locais, feiras específicas, mas hoje estão sendo incorporados por grandes redes varejistas que, atualmente, já se tornaram os maiores vendedores deste tipo de produto no Brasil”, exemplificou o professor.

Na avaliação dele, produtos como os derivados do leite caprino e ovino e da carne desses animais têm potencial para inserção nestes novos mercados, desde que os arranjos produtivos favoreçam a agregação de valor e divulgação destes produtos. Ele tomou como exemplo o caso de marca coletiva do território de Alto do Camaquã (RS), onde a atuação conjunta da Embrapa, associações de produtores, Emater, governo estadual e universidades trouxe resultados como a “cesta” que inclui produtos e serviços, como carne de cordeiro, artesanato local e roteiros turísticos.


Após a palestra, o espaço foi aberto para mesa redonda com os participantes do evento e também com dois convidados que deram sua contribuição via videoconferência: os empresários do ramo de produção de leite de cabra Maria Pia Paiva (Capril Sanri) e Paulo Cordeiro (Caprilat). Maria Pia apontou que ainda há necessidade de informação sobre as preferências do consumidor do leite caprino e seus derivados a serem supridas. “Será que estamos fazendo os produtos que o consumidor prefere? Ainda não conhecemos bem nosso mercado, o que querem os compradores”, ponderou ela.

Paulo Cordeiro afirmou que a cadeia produtiva deve se preocupar com uma melhor divulgação dos derivados do leite de cabra e seus benefícios. O empresário cobrou também uma legislação específica referente à qualidade do leite caprino e a preocupação com a inserção de novos produtos no mercado nacional, como forma de ampliar as possibilidades de oferta. A mesa redonda do segundo dia contou ainda com participações de representantes de órgãos governamentais, laticínios, produtores rurais e empresas privadas.


Adilson Nóbrega
Embrapa Caprinos e Ovinos