Austrália suspende exportação de ovinos vivos para o Oriente Médio

A Austrália suspendeu nesta quinta-feira as exportações de ovinos vivos para o Oriente Médio. O governo australiano quer esclarecer os termos dos acordos comerciais com os seus maiores clientes. Três navios ficaram parados no porto de Fremantle, em Western Australia, e outro em Adelaide, South Australia, segundo o vice-secretário do Departamento de Agricultura do país, Phillip Glyde. As embarcações aguardam para carregar mais de 250 mil ovinos e 10 mil cabeças de gado para o Oriente Médio.

Enquanto isso, mais de 21 mil ovinos estão sendo sacrificados no Paquistão depois que o Bahrain os rejeitou no mês passado por suspeita de doença. O departamento de Agricultura australiano suspendeu as exportações enquanto tenta esclarecer as disposições dos acordos diplomáticos com seus clientes que dizem respeito ao desembarque de animais, mesmo se houver dúvidas em relação à sanidade.

Glyde destacou que os exportadores australianos já haviam optado por suspender embarques para o Bahrein, terceiro maior cliente no mercado de ovinos vivos, devido a temores de que os animais fossem rejeitados novamente. O vice-secretário disse ainda que o departamento tinha certeza da saúde dos animais destinados à exportação e não sabia explicar por que eles haviam sido rejeitados. “O risco de rejeição inesperada é visto como grande demais, então a indústria decidiu não fazer embarques para o Bahrein no futuro próximo”, afirmou.

O Oriente Médio é o maior mercado consumidor de ovinos vivos da Austrália. A região respondeu por quase todos os 2,5 milhões de animais que a Austrália vendeu ao exterior em 2011, segundo dados da associação industrial Livecorp. As exportações de animais vivos renderam 328 milhões de dólares australianos (US$ 343 milhões) à Austrália em 2011.

Críticos já haviam denunciado exportações de animais vivos como cruéis e desnecessárias. O senador australiano Lee Rhiannon disse que o governo “perdeu o controle” da cadeia produtiva. Também pediu a suspensão das vendas externas de animais vivos e o aumento do suporte à indústria de carne processada australiana.

O vice-secretário destacou, no entanto, que as exportações de animais vivos têm perspectiva de crescimento no longo prazo por causa do aumento da demanda por carne no Oriente Médio e na Ásia. Camberra está perto de assinar um acordo com o Irã para viabilizar as exportações de animais vivos, segundo Glyde. “Sempre estamos interessados em abrir novos mercados, assim como a indústria”, destacou. “Não há motivos para impedir o início das negociações.”

A executiva-chefe do Conselho dos Exportadores de Gado da Austrália, Alison Penfold, disse que o problema com os ovinos pode afetar a reputação dos produtores e exportadores de carne bovina do país. Ela argumentou que a Austrália tem um dos mais rígidos padrões sanitários para exportação de animais do mundo. “As vendas ao exterior são vitais não apenas para os exportadores, mas também para os produtores”, disse Penfold. “Muitos produtores têm direcionado seus negócios para fornecer gado para exportação de animais vivos. A pressão está aumentando sobre os produtores de ovinos, especialmente.”

As informações são da Dow Jones, publicadas na Agência Estado e adaptadas pela farmpoint

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