Tendência de desenvolvimento da ovinocultura no Mato Grosso do Sul é crescente

A indústria paga bem pela carcaça ovina e o Mato Grosso do Sul reúne condições para ser um dos maiores produtores de ovinos do Brasil. A tradição em outras atividades pecuárias confere um acervo de mão de obra qualificada, bastando apenas capacitá-la para a lida dos ovinos, sem contar a produção de grãos em abundância, que ajuda a baratear uma das etapas mais onerosas na produção de cordeiro: a terminação no cocho. Logística privilegiada também é um diferencial economicamente interessante, por estar há poucas horas dos principais polos consumidores, especialmente São Paulo, que consome cerca de 80% de toda produção nacional.

O rebanho local tem características peculiares, especialmente em relação à rusticidade. Essa cultura surgiu com os imigrantes sulistas, principalmente os gaúchos, que conduzem um sistema de criação exemplar até hoje. Raças lanadas e semideslanadas que trouxeram foram se adaptando aos aspectos edafoclimáticos, incrementando a rusticidade. “Temos uma ovinocultura latente, com um rebanho bem adaptado e produtivo”, relata Ana Cristina Andrade Bezerra, da Asmaco (Associação Sul-matogrossense dos Criadores de Ovinos).

Como em outras regiões do País, o rebanho ainda é inexpressivo, reunindo algo em torno de 600 mil cabeças. Essa, aliás, é uma conta subjetiva. Ovinos não passam por vacinação contra febre aftosa e não havia a comunicação de todo o rebanho. Uma portaria da Iagro/MS foi publicada no Diário Oficial em 30 de abril, tornando a declaração obrigatória, inclusive, do rebanho de caprinos. Os produtores devem conciliar essa comunicação às campanhas oficiais de vacinação contra aftosa. Confira o calendário no site www.iagro.ms.gov.br.

Mas, o problema maior, na verdade, é o fato da atividade ainda não ser encarada como um negócio, e muitas vezes pelos próprios ovinocultores. “A criação é o negócio da vez. Não só pelos preços mais atraentes, mas também pelo ciclo produtivo mais curto, custo de produção compensatório e demandas crescentes”, avalia Ana Cristina.

A criação costuma ser consorciada com outras espécies, como o gado de corte e de leite. Em países onde este mercado é desenvolvido, como Uruguai, Austrália e Nova Zelândia, o maior percentual dos rebanhos é tocado dessa forma. Além de ganhos sanitários, outra vantagem é a variabilidade econômica que proporciona. Ovinos poderiam compensar, por exemplo, oscilações abruptas comuns no mercado do boi gordo.

Novo sistema de comercialização 

Na tentativa de organizar a cadeia produtiva, formando lotes suficientes para o envio de cordeiros para abate nos frigoríficos, foi desenvolvido no Mato Grosso do Sul o Sistema PDOA (Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate), que reúne animais de vários produtores. Atualmente, apenas uma está operante, com cinco embarques já realizados.

A construção desse novo sistema de comercialização pioneiro envolve as entidades Asmaco, Câmara Setorial da Ovinocaprinocultura, Seprotur, Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), Sefaz-MS, Iagro e Famasul.

“Sem a colaboração e comprometimento de todos não seria possível implantar esse novo modelo. Independentemente do volume, todos recebem o mesmo preço, algo que certamente não aconteceria numa negociação individual. O objetivo é realizar abates mensais, sempre buscando a melhor remuneração para o produtor”, finaliza Ana Cristina.

As informações são do portal A Crítica

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