Produtor recorre à silagem para alimentar o rebanho

Várzea Alegre. A seca que castiga o sertão do Ceará provocou elevadas perdas no plantio de grãos e escassez da pastagem natural. As roças de capim que dependiam da chuva para produzir estão secas.

Desse modo, os criadores já começam enfrentar dificuldades para alimentar o rebanho bovino e esse quadro deve se agravar a partir do próximo mês. Uma das alternativas defendidas por técnicos do setor agropecuário para enfrentar o período de estiagem é o uso de silos para armazenar o capim verde.

A técnica de silagem foi demonstrada recentemente na Fazenda Paraíso dos Cavalos, na zona rural deste Município. O evento contou com a presença de cerca de 30 participantes, dentre agricultores, pecuaristas, técnicos, estudantes e parceiros.

Foram demonstradas as técnicas adequadas e eficazes para o processo de uma boa silagem, como suporte forrageiro para o fornecimento aos animais, principalmente para enfrentar o período de seca que o Estado enfrenta este ano.

Dia Especial

O Dia Especial sobre Silagem foi promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agrário, Econômico e Meio Ambiente, em parceria com o escritório local da Ematerce, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Várzea Alegre, e a Associação dos Produtores de Leite de Várzea Alegre, na Fazenda Paraíso dos Cavalos, no Distrito de Naraniú.

O proprietário, Luiz Luciano e Silva, produtor de bovinos, ovinos e equinos, disse que há algum tempo começou a fazer silos e desde então enfrenta com segurança o período de pastagem nativa. “A seca é ruim para todos, mas para mim não traz muitos transtornos porque os silos garantem a alimentação do rebanho”, frisou. “Sou um incentivador dessa técnica que é viável e barata”.

Em consequência da seca, muitos criadores estão vendendo parte do rebanho, transferindo os animais para outras áreas e comprando forragem. Essa é a saída para muitos produtores. “A situação vai se agravar nos próximos meses”, disse o agrônomo do escritório da Ematerce em Iguatu, Jaime Uchoa. “A seca agora que está começando”.

Experiência

A experiência feita na Fazenda Paraíso dos Cavalos, também vem sendo aplicada em localidades do distrito de Canindezinho, no Sítio Chico, e deverá ser estendida para outras localidades. Para execução desse trabalho, segundo o técnico em Agropecuária da Secretaria Municipal de Agricultura, Estevão Silva, as instituições parceiras estarão orientando e incentivando os criadores para aderirem à produção de silos de superfície. “É uma forma de se preparar melhor para alimentar os animais, visando diminuir as consequências da seca”, salientou.

Nos últimos cinco anos, aumentou o número de criadores que passaram a fazer silos a partir do cultivo de capim no período chuvoso. Ainda é um número reduzido, mas comprova a tendência de crescimento. “No passado, na época do Projeto Sertanejo, houve incentivo e financiamento do Banco do Nordeste para a construção de silos de alvenaria, o tipo trincheira, que está em desuso”, explicou Uchoa. “Muitos construíram e não usaram porque acham que sempre teremos chuva e essa mentalidade dos criadores traz dificuldades no período de seca”.

Hoje em dia, o silo mais usado é o de superfície que é simples e mais barato. Após preparação do terreno e de colocação de uma lona plástica, os grãos, folhas e talos de sorgo, milho e capim triturados são colocados em um monte que será revestido pela lona. “O segredo de um bom silo é ser bem compactado para evitar a entrada de ar porque a fermentação é anaeróbica”, explicou Uchoa. “Um silo pode durar dez anos”.

A maior dificuldade para os produtores é dispor de uma máquina para colher e triturar o plantio, que é colocado em um reboque e levado para o local do silo na própria área de produção. O criador Carlos Queiroz, em Iguatu, que é um dos maiores produtores de silagem em Iguatu, lembrou que em um passado recente, eram somente três ou quatro produtores que faziam silos, mas hoje já chegam a 50. “É uma alternativa viável para enfrentar um período de seca”, afirmou.

Em 2012, Queiroz cultivou 200 ha de milho, 250 ha de sorgo granífero e 50 ha de sorgo forrageiro. O quilo da ração verde ou da silagem é vendida por R$ 0,20, O preço praticamente dobrou de preço por causa da seca e aumento da procura. “Os criadores precisam acreditar na viabilidade do cultivo de sorgo forrageiro e de outras capineiras”, disse Uchoa.

Neste ano, a safra do grão terá uma queda média de 70%, na região Centro-Sul, de acordo com dados preliminares da comissão local de avaliação da perda da safra agrícola.

O secretário de Agricultura do Município, Valdeci Ferreira, disse que os criadores precisam investir mais na produção de silos. “Na nossa região, não dá para ficar esperando por um bom inverno”, disse. “É preciso ter reserva alimentar para o gado”.

Fonte: Diário do Nordeste

Comentários encerrados.